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Brasília
_No ano de 279 AC, o rei da Épiro e Macedonia, Pirro, enfrentou os romanos na batalha de Ásculo. Ao final de dois dias de batalha, os romanos perderam seis mil homens e Pirro perdeu quase quatro mil. Quando foram parabenizar Pirro pela Vitória ele teria dito: Mais uma vitória como esta e estarei perdido.
O governo federal brasileiro promoveu uma “privatização tímida” de três grandes aeroportos. A imprensa destacou a mudança de atitude do governo com respeito à questão da privatização, sem deixar de ressaltar que a Infraero, um braço do governo, ainda terá uma participação expressiva no negócio. Além disto, a postura abre a possibilidade de que no futuro outras concessões sejam passadas para a iniciativa privada e, quem sabe até, empresas estatais sejam vendidas integralmente. Um ponto importante que gostaria de destacar é o valor elevado pago pelos vencedores. Isto pode ser explicado por diversas razões: o preço mínimo estabelecido foi muito pequeno, a possibilidade de rever os contratos no futuro previsto na modelagem dos ganhadores, os juros reduzidos do financiamento garantido pelo banco oficial (BNDES), a possibilidade de reduzir o investimento obrigatório que estaria superestimado, a obtenção de mais receitas de exploração dos aeroportos, entre outros fatos. Entretanto dois aspectos chamam a atenção. Em primeiro lugar, o valor foi elevado não somente em relação ao preço mínimo, mas também quando se compara com a proposta do segundo colocado. Em segundo lugar, a reação do mercado acionário, que derrubou o preço das ações das empresas ganhadoras. Acredito que o ágio dos vencedores do leilão ocorreu por uma razão simples: a maldição do vencedor. Quando um grupo de pessoas tenta formar um preço de um ativo ou de uma empresa, alguns serão pessimistas, colocando um preço abaixo da média; outros, os otimistas, precificam acima da média. Isto é o que ocorreu no leilão dos aeroportos desta semana. Mas como estamos lidando com um leilão, vence aquele que oferece o maior lance. Ou seja, aquele que considerou um preço muito acima do valor médio e dos demais. Foi o que ocorreu com o leilão dos aeroportos. Quando ocorre a maldição do vencedor existem duas possíveis explicações: ou o vencedor realmente enxergou algo que os demais não perceberam e irá aproveitar desta oportunidade ou então o vencedor realmente cometeu um grande erro. As situações práticas mostram que o mais comum é o vencedor ter cometido algum engano nos seus cálculos, tendo estimado um preço muito acima do que seria razoável para a concessão. Isto já ocorreu anteriormente na privatização no Brasil. E isto ocorre com muita frequência no mundo empresarial. Trata-se da maldição do vencedor, ou uma vitória de Pirro. César Tibúrcio
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